Não espere de alguém algo que somente você faria.

Por que projetamos tanto e nos frustramos ainda mais?

jul 13, 2025

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Tendemos a esperar atitudes semelhantes às nossas das pessoas ao nosso redor, é quase como uma prece por bondade. Um tratamento decente, uma cordialidade diária ou o mínimo de respeito e consideração. Entretanto, isso é tendencioso a falhar.

Atualmente, entrando em um relato completamente pessoal e intimista, me encontro passando por uma conjunção de fases complicadas - complicadas porque somaram diversos acontecimentos ruins, mas que no fim servirão de aprendizado, tudo o que não nos mata, ou talvez mate emocionalmente, pelo menos poderá servir com fim de aprendizado.

Crescer é ser exposto a vivenciar fases de insegurança e temor, quando o único acalento é a calma da incerteza antes da tempestade que vem com a responsabilidade do ser jovem e adulto. Porém, crescer também é ser exposto à crueldade. Não a da vida, mas a das pessoas. A vida não é ruim porque você teve o azar de encontrar pessoas ruins na sua trajetória, talvez em certo ponto elas te convençam de que sim, de que a vida com pessoas ruins transformando-a em algo ruim é o que você merece, mas não, é muito pelo contrário. Tendemos constante e INCANSAVELMENTE a espelhar nossas atitudes nas pessoas ao nosso redor.

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O que você quer dizer com isso?

O que eu quero dizer é que você espera e justifica as atitudes que as pessoas têm. É como se possuísse uma espécie de coador na cabeça que te faz filtrar as situações negativas, você as encara e lida com elas como pode, se sacrifica, se martiriza e se desgasta pensando no porque elas acontecem, mas elas só acontecem. As pessoas pensam diferente, lidam com as situações de maneiras diferentes, sentimos muito subjetivamente. Somos um grande mousse de egoísmo - alguns muito menos egoístas do que outros. O que te falta é o senso de autopreservação.

Talvez pessoas que sintam demais sejam assim, com esse querer esperançoso e ingênuo de que todas as pessoas enxergam o mesmo mundo. Mas não enxergam, mais cedo ou mais tarde você de fato percebe isso.

Esse sentimento descende de um comportamento pequeno, que não te ofende diretamente, não te dilacera o coração mas te faz questionar de si mesmo. E eu te pergunto, quem é tão importante quanto você mesmo? Seu sentimentalismo não é um defeito, nunca será. Do mesmo modo em que ocorrem encontros de almas, também ocorrem desencontros. Algumas pessoas não são pra você, e ok. Aceite o fato, sofra, se parta ao meio mas depois, siga em frente.

Voltando a falar sobre a junção de acontecimentos difíceis, muitos deles foram superados, só falta o maior e mais temeroso - o vestibular. Penso que seja o mais difícil por consumir aos poucos o vestibulando, até que o tempo de ócio seja somente uma idealização fracassada do que seria o tempo sem preocupação, que não existe quando se está imerso em um mar de dúvidas e de medo.

Projetei, vejam só, espelhei uma ideia de apoio. Meus amigos me incentivam como ninguém, aqui está um imenso agradecimento a vocês (que sabem que são vocês) por estarem comigo sempre, em especial por me ouvirem nessa fase tão complicada, não espelho nada em vocês, muito pelo contrário, me espelho em vocês para solucionar meus problemas, sejam eles pequenos ou grandes. Mas sempre existem pessoas dentro do nosso ciclo que deixam alguma coisa ruim sair, mesmo que em tom de brincadeira, mas que dita em um momento errado, talvez atinja mais do que você e ela poderiam pensar.

Não tenho costume de me ofender ou carregar nenhum tipo de mágoa, pra mim isso é um sinal de que espero muito dos outros, mas um dia ouvi algo bem ruim sair da boca de alguém que eu considerava, alguns poucos dias depois, outra pessoa comentou sobre o acontecido meio que invalidando meus sentimentos.

Acho que esse consegue ser um exemplo sólido do quanto somos construídos esperando a reciprocidade nas pessoas. Eu entendo que você dirá que era o mínimo prestar atenção e tomar cuidado com as palavras e concordo com isso.

Não é do meu feitio espalhar palavras grosseiras ou opiniões quando não solicitadas, até tendo razões para despejá-las, mas sinto que hoje em dia tudo é banalizado e extremamente aceito. Não deveríamos nos expor a um desgaste emocional para manter relações, por mais importantes que sejam.

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Então, o que eu deveria fazer?

Se você me perguntar o que fiz, a resposta é prática, fácil e eficiente: simplesmente me afastei.

Obviamente cabe a cada um perceber a maneira em que se sente mais confortável em lidar com situações desconfortáveis, mas nunca deixando ser desrespeitado. Primeiro, sinto que a conversa é o primeiro passo para buscar diminuir as diferenças porque toda história tem duas perspectivas. No meu caso, a brincadeira só foi extremamente de má fé e me afetou. Chorei por uns dois minutos e parei pra refletir o que estava fazendo, então decidi que finalizar ciclos é uma das partes mais importantes e especiais da vida.ㅤ

Não se deve temer encerrar as coisas, principalmente quando elas não condizem mais com você. Pessoas obviamente não são descartáveis, mas seus sentimentos também não. Faziam anos que eu não chorava por uma piada idiota e mal contada, mas chorei, me senti desrespeitada e me questionei se aquilo era realmente amizade pra mim. No momento, acho que é exatamente esse final de ciclo que faltava.

Nada é obrigado a ser perfeito, muito menos eternamente duradouro. A melhor parte da vida é buscar incessantemente por coisas novas, que nos instiguem a ser melhores e estarmos cada vez mais conectados com nosso íntimo.

Sinto que isso se expande especialmente para a área de redescoberta. Quando algo novo entra na sua vida, você se sente mais sensível e medroso em relação às pessoas ao seu redor, porque a insegurança de algo novo é normal e vivenciada constantemente por todos nós.

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E quando esse sentimento se torna uma frustração?

Sempre nos sentimos frustrados por não sermos entendidos ou tratados da maneira que desejamos, mas ele não define todo o seu ciclo social, ou melhor, que ele será assim para sempre. Às vezes, a única resposta é que aquele não é o nosso grupo de amigos ideal, acontece, ironias da vida.

Não é uma opção se manter amargo em uma perspectiva tão grande. Expandir uma experiência ruim para uma regra universal é como tentar acertar 45 questões do ENEM chutando todas elas. Você recusa, não dá uma oportunidade e se torna um bolo de frustração e desconfiança. Sobre aquele coador que falei anteriormente, lembra? devemos reorganizar ele e reconfigurá-lo para não banalizar e perdoar todos os comportamentos ruins, mas para percebê-los, entender o que está acontecendo e estarmos prontos para finalizar uma fase.

Sinto que tem momentos que surgem para nos intimidar e tentar ao máximo mostrar o quão incapazes somos, mas também sinto que o que fazemos deles consegue dizer ainda mais do que somos capazes. Não é sobre não se magoar um comentário mal intencionado vindo de um amigo próximo, é sobre o que se faz após isso, você se afastou? que ótimo, mas nada adiante se continuar postergando outros ciclos no futuro.

Não se mantenha em ciclos que te fazem questionar sobre quem você é, sobre sua visão de mundo ou seu sentimentalismo. Nada é tão único quanto a nossa subjetividade.

Se você se identifica, recomendaria assistir “The Worst Person in the World”.

Muito obrigada pela leitura! :)

Manifesto em Transe

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